Efemérides

quarta-feira, novembro 30, 2005 à(s) 23:57
A propósito dos 70 anos da sua morte que hoje (30/11) se comemoraram:

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,

Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo

Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Desvia-me

à(s) 01:26
Porque é que não surges de repente na minha rotina e não me desvias para a tua?
Não que eu tenha rotina...até nem tenho. Mas, percebes que pretendo transmitir a ideia de vida monótona...sem novidade, enfim! Sem TI!
É por isso que te convido a surpreenderes-me um dia destes e, quiçá...levares-me daqui para acolá.
Muda-me, inova-me, provoca-me, olha-me, ensina-me, pensa-me, mostra-me, segreda-me, canta-me, sussurra-me, beija-me, conhece-me, conta-me, fala-me, tenta-me, toca-me, abraça-me, enlouquece-me, pinta-me, percorre-me, sonha-me, deseja-me, e verbaliza comigo todos os instantes da tua vida, os segundos que respiras, os pensamentos que te incitam à distracção, e desconcentra-te dos outros para te concentrares em mim.
Preciso de ti: agora, mais logo, hoje, amanhã, esta semana, este mês, este ano, no próximo...Toda a vida! Aguardo apenas aquele sinal que surge somente quando estou a mil e me faz gelar instantaneamente e travar a toda a força, lembrando-me um perfeito acidente que espero sofrer. Desejo bater nesse sinal, nesse desvio, preciso desse choque! Mas sem airbag...
O que me interessa é que embatas em mim, me deixes lesionada e sejas uma cura vitalícia para essa doença crónica que me vais fazer ter.
Despacha-te...deixa o que estás a fazer e desvia-me!

Faz de Conta...

terça-feira, novembro 29, 2005 à(s) 23:33
Faz de conta que isto é uma carta em papel com marca de água. Lisa e branca. Cheia de letras manuscritas, com tinta preta. E faz de conta que o carteiro ta vai entregar, dentro de um envelope, com um selo dentado, lambido, colado, meio torto, no canto superior direito. Estou nos CTT do Ameal e saio alegre, por te ter escrito uma carta, cheia de letras manuscritas, a tinta preta, como a que tu me enviaste, de São Martinho do Porto, há mil anos atrás.
Meu querido,
Neste dia deveria ter algo especial para te dizer. Mas não tenho.
Aos teus pais sim, tenho de agradecer. Muito. Por este dia.A ti ou a alguém magistral, só quero agradecer o jeito, o toque. Não sei se uma fada, um duende ou até deus, te empurrou para aqui. Só sei que estou grata por isso. Porque, sem ti, a minha vida não era feliz. Talvez fosse só contente. Aplica-se a ti e a mais meia dúzia de pessoas, empurradas por fadas, duendes ou até elfos.
É tão, mas tão bom, terem caído, aqui, dentro do meu abraço.São duas da manhã e a carta que te quero escrever já a escrevi infinitas vezes na minha cabeça. Nunca começa da mesma forma. Acontece-me frequentemente. Escrevo cartas, algumas longas, outras curtas, umas agradáveis, outras nem por isso e, depois, não as envio. Ficam suspensas, até acontecerem, ou não.Já falamos sobre isso. O quanto gosto de receber cartas e a velocidade com que as escrevo aos outros, mentalmente. Até já falamos do carteiro da minha infância.
Contigo já falei sobre tudo, com o coração completamente nu sobre a mesa. E os olhos, nos teus, de onde partem e atracam barcos, às vezes de meia em meia hora. Outras vezes em facções de sonhos, muito teus. Lembras-te?E tenho sempre de te contar a vida. Antes ou depois de acontecer.Talvez por isso sejas o mais inteiro receptor dos meus erros, das minhas dúvidas, das minhas angústias, das minhas recordações, dos meus medos, da minha alegria,Recebes e guardas. Tudo. Sei que sim.
Na eventualidade de me esquecer ou de não me querer recordar, és o depósito mais claro e fiel do meu nome.Contigo é possível pisar chão menos firme ou voar para um sítio qualquer chamado saudade. Até o futuro fica muito mais acolhedor, contigo dentro. Contigo perto. Contigo à volta.
Por isto e pelo indizível, pelo que continua na carta manuscrita, a tinta preta, eu, hoje não tenho nada especial para te dizer. Porque todos os dias agradeço, a elfos, fadas, duendes e deuses, o facto de nos terem empurrado para dentro do nosso abraço.Sabes: ter uma melhor amiga soa-me muito pueril!Só na primária me aconteceu. Era a Maria do Céu.
Hoje tenho amigas, lindas e inteligentes. Impossível ter uma melhor...Ter um melhor amigo soa-me a “mulher com muita sorte”!Porque a caminhada que fizemos é longa, inteira e clara e, mais longo, ainda, é o caminho que quero para nós. Todos.
À nossa vida, à nossa amizade e…aos nossos!Brindemos com um Porto Quinta do Noval!
Maria Heli escreveu esta doce carta no seu blog

Aguarela - Toquinho&Vinícius

à(s) 10:31
Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo...
E com cinco ou seis rectas é fácil fazer um castelo...
Com o lápis em torno da mão eu me dou uma luva...
E se faço chover com dois riscos tenho um guarda chuva...
Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel...
Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu...
Vai voando, contornando a imensa curva...

Norte sul...
Vou com ela, viajando Havai e Pequim...
Ou Istambul...
Pinto um barco à vela branco navegando, é tanto céu e mar num beijo azul...
Entre as nuvens... Vem surgindo um lindo avião...
Rosa e grená...
Tudo em volta...
Colorindo com suas luzes...
A piscar...
Basta imaginar e ele vai partindo sereno lindo e se a gente quiser...
Ele vai pousar...
Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida...

Com alguns bons Amigos viajando de bem com a vida...
De uma América à outra eu consigo passar num segundo...
Giro um simples compasso e num circulo eu faço o mundo...
Um menino caminha e caminhando chega num muro...
E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está...
E o futuro...
É uma astronave que tentamos...

Pilotar...
Não tem tempo...
Nem piedade nem tem hora...
De chegar...
Sem pedir licença muda nossa vida e depois convida a rir ou a chorar...
Nessa estrada, não nos cabe conhecer ou ver...
O que virá...
O fim dela...
Ninguém sabe bem ao certo...
Onde vai dar...
Vamos todos numa linda passarela de uma aguarela que um dia enfim...
Descolorirá...

Se eu pudesse levar-te comigo...

domingo, novembro 27, 2005 à(s) 23:34
Não quero acreditar, que nada posso fazer...
Eu sei que dava tudo para não te ver sofrer!
A veres passar o tempo com medo da solidão
Escondes o sofrimento numa caixa de cartão.
De olhar perdido no céu,
Parece que o mundo te esqueceu...!
Se eu pudesse levar-te comigo...
Quando eu for fada, ou tiver puderes mágicos, verás que tudo será mais simples.
Por enquanto, resta-me continuar a tentar controlar este relógio imparável, atrasando-lhe a corda ou adiando-lhe os ponteiros, conforme os momentos que vou vivendo.
Bem sabes que comigo continuarás, onde quer que eu esteja, sonhe, pense, chore, grite, pinte, ame, idolatre, ganhe, escreva, cante, risque... O certo é que contigo estou perdida à espera dos impulsos contínuos que me fazem circular por aí...por estas brisas invisíveis onde vejo tudo, todos e todos me ignoram! No entanto, tenho-te!
Mas lembra-te...se eu pudesse levar-te comigo, estaríamos apenas nos singelos espaços aos quais apenas eu e tu damos valor: porque a tua companhia completa-me e tu sabes que, se eu pudesse...!

Momentos inesquecíveis...

à(s) 00:37
Se há coisas que aprecio, esta é inquestionavelmente uma delas...
É ou não é um fantástico momento de ternura e carinho?
Já não se vêem casais tão apaixonados e com uma dose de romance tão dócil e simples como esta!!!
É pena...A realidade é que o amor já não é o que era.
Será que ainda existe? ...O verdadeiro amor?

Abraça-me

quarta-feira, novembro 23, 2005 à(s) 22:47
Hoje, uma vez mais, não almocei, não jantei...
Não porque tivesse fome a mais e estivesse sem tempo.
Simplesmente tiraste-me o apetite, de tudo.
Tenho-me alimentado com os beijinhos que estas crianças ainda muito recentes no meu caminho me dão, com as flores que me oferecem, com os sorrisos que transbordam, com a felicidade que emanam, com os defeitos que têm, com as traquinices que cometem e com a ternura que lhes é inerente...são unicamente eles que me fazem feliz, durante o dia.
É essa felicidade que tento esticar durante a noite, para não ter fome. E se às vezes sinto que devia comer algo, acabo por receber umas palavras confortáveis daqueles que não se esqueceram de mim e para quem a minha companhia foi suficiente.
(Só um aparte: adorei a sms que as crianças da outra escola me têm enviado...uma vez mais fiquei sem palavras para com eles! Surpreendem-me...)
Mas tu, como sempre, uma vez mais não abres uma excepção à tua regra e me abordas como se eu fosse uma pessoa. Eu não preciso de ter sentimentos, pelo contrário...
O que te interessa é que eu tenha atitudes que te agradem, que eu seja a tua máquina, enquanto tu personificas a inércia.
É completamente impensável eu poder, no mínimo, partilhar contigo o meu dia dizendo somente "Correu bem!". Isso não te interessa, e realmente é bom que não te interesse...até isso seria pretexto para usares como chantagem, para não variar. Se estou feliz, incomodas-te.
Eu far-te-ei os favorzinhos todos como tenho feito, não desesperes. Poderás continuar a viver no maravilhoso mundo da fantasia como tens vivido.
Mas lembra-te: um dia, eu não estarei aqui! E até o som deste "incómodo" teclado (só tu é que o achas incómodo...) vais deixar de ouvir, nem verás os meus livros, esquecerás o aroma do meu perfume que tanto gostas (ou finges gostar)...nem o meu olhar te vai fazer companhia, a posição que dou aos objectos que te rodeiam, os sabores que cozinho, as roupas que trato, as parvoíces que digo, a minha teimosia para contigo. Até disso sentirás falta, dos meus defeitos.
No fundo, nem quero que esse dia chegue, não te quero ver sofrer...mas, tu não queres que eu sinta nada.
Eu não sinto, nem te incomodo sequer. Apenas peço silenciosamente ao meu íntimo que me mate a fome com um forte abraço.
Nada mais...!

Somente um abraço...é tudo o que peço!

Desorienta-me...

terça-feira, novembro 22, 2005 à(s) 07:26
Vem, vem à minha casa
Rebolar na cama e no jardim...


Convido-te...a viveres comigo um poema à luz de uma trémula lamparina,
junto àquela janela, com sons de harpas e oboés!!!

Tenho à janela
Uma velha cornucópia
Cheia de alfazema
E orquideas da Etiópia

Tenho um transístor ao pé da cama
Com sons de arpas e oboés
E cantigas de outras terras
Que percorri de lés-a-lés

Tenho uama lamparina
Que trouxe das arábias
P'ra te amar à luz do azeite
Num kamassutra de noites sábias

Tenho junto ao psiché
Um grande cachimbo de água
Que, sentados no canapé
Fumamos ao cair da mágoa

Tenho um astrolábio
Que me deram beduínos
P'ra medir no firmamento
Os teus olhos astralinos

Vem, vem à minha casa
Rebolar na cama e no jardim
Acender a ignomínia
E a má língua do código pasquim

Que nos condena numa alínea
A ter sexo de querubim


Rui Veloso e Carlos Tê - algures num Bairro do Oriente...

Toca-me

sábado, novembro 19, 2005 à(s) 02:23
Vá lá...toca-me aqui, mesmo aqui! Exactamente aqui, onde nunca ninguém ousou tocar. Sério!!!
Toca-me por favor, gostava muito - acredita em mim!
Olha-me nos olhos e diz-me na íris que és incapaz de me tocar, que me resistes...é-te indiferente?
Completamente?
Não me olhes assim...
Toca-me. Toca-me a sério, toca-me à vontade...eu estou aqui!
Olha-me...não me vês?
Olha p'ra mim e toca-me.
Não digas nada...simplesmente toca-me, faz-me feliz.
Viola-me...pede-me...implora-me! Ou ignora-me...mas sem querer.
Puxa-me, esquece-me e ata-me.
Eu sei que em ti me irei perder...
Beija-me, ata-me e deseja-me.
Olha-me, suspira-me e deixa-me...tocar-te a ti.
Abraça-me, respira-me o aroma. Deixa-me em coma, ao te sentir!
Respira-me, toca-me e tira-me...algo secreto que existe em mim.
Morde-me, toca-me e arranha-me.
Sussura e finge gostares de mim; ou toca-me.
Toca-me aqui...meu coração é para ti!

Querer

sexta-feira, novembro 18, 2005 à(s) 22:48
Quero-te, mas não posso!
Quero-te e não te tenho!
Quero-te e não me dou...
Quero-te, não te desejo!
Quero-te e não te olho!
Quero-te e não me deixo...
Quero-te, mas não te beijo!
Quero-te e não te sonho!
Quero-te e não estás...
Quis-te e agora queres-me;
Quis-te e até me dou;
Quis-te e já te desejo:
Longe de mim...
Já não te quero,
Pois não te ama quem te amou!

Despedidas

quarta-feira, novembro 16, 2005 à(s) 23:40
"Professora: gostamos muito de ti!"

Cartinha entregue esta tarde, juntamente com flores, quando a professora informou que seria colocada noutra escola e que, por esse motivo, teria de abandonar aqueles alunos!
Vá...não fiquem tristes. Jamais vos esquecerei, bem sabem que são e serão sempre muitíssimo importantes na minha vida!
E mais não digo, vocês sabem tudo e as cartinhas e flores que me deram estão sempre comigo, guardadas com muito carinho!
Adoro-vos, pequeninos:
Inês Sofia, Maria João, João Filipe, Rodrigo, Diogo Alexandre, João Pedro, Fátima, Sara, Adriana, Catarina Soares, Inês, Joana Inês, Edgar, Diogo, Rafael, Miguel, Pedro Miguel, Pedro Henrique, João Pedro S., Sara Costa, Sofia, Manuel, Luís, Fábio, Miguel A., Daniela, Diana, Ana Catarina, Joana, Cristiana, Pedro Filipe, Miguel Meneses, Guilherme, Ana Cristina, Bruno, Rui, Sofia, Patrícia, Ricardo, Bruna, Sequeira, Catarina Duarte, Soraia, Paulo, Helena, Sara Dias, Miguel A., Pedro M., Eduardo, Catarina Nunes, Daniel, Catarina Gomes, Fabiana, Ana Isabel, João Maia, Roni e Hugo!

Prostituis-te?

à(s) 00:16
Prostituir - do Lat. prostituere; v. tr., desmoralizar; levar à prostituição; aviltar; corromper; v. refl., entregar-se à prostituição; degradar-se.

A prostituição é uma profissão conhecida por toda a sociedade: mal vista por alguns, mas que na realidade, TODOS a desempenham.
Nota: os parágrafos que se seguem contêm linguagem que pode ser considerada chocante e qualquer semelhança com a realidade, não é pura coincidência!

Cada vez menos existem mulheres de um homem só e vice-versa, homens de uma só mulher. É ou não é verdade?
Pois, pois...e se realmente só se deixam levar pela "tal" pessoa, nos sonhos imaginam-se a foder com outra...Depois andam a insultar a malta com filho(a) da puta, como se isso fosse asneira. Aliás, quem é que convencionou tal coisa como asneira, hein?
Todos somos filhos dela, da puta Mãe-Natureza que nos deu a puta da vida (para uns), e vida de puta (para outros). Depois, abordam-se as mulheres como rameiras, putas vadias, e vacas que pinam a torto e a direito, mas há muitos homens que se deixam levar pela libertinagem e se prostituem por aí fora.
No putedo em que o mundo se encontra, não consigo realmente entender o que se torna mais grave: se as meninas meretrizes que estão na berma da estrada e os gajos do bordel da Rua Escura; ou então as santas e santos que convivem connosco diariamente no nosso trabalho, grupo de amigos e/ou conhecidos, e quiçá...na nossa família!
O que coloco em causa é a nossa prostituição, porque como se observa pelo significado do termo referido anteriormente, a prostituição refere-se à desmoralização, corrupção, degradação, desonra, humilhação e ao acto de se rebaixar. Toda esta sinonímia para que ninguém se faça despercebido e termine com a conotação errónea de prostituição apenas ao acto de foder com estranhos (ou nem por isso) e lucrar preferencialmente alguns tostões com isso.
O que a malta quer verdadeiramente é subir na vida o máximo, sem o menor esforço e com facilidade...daí que se prostituam frequentemente as ideias, projectos, desejos, corpos, objectos e outras coisas. O importante é foder sem olhar a quem - e reparem que esta expressão assenta muito bem na actualidade, visto que já não se olha a meios para se atingir os fins!
De repente ocorre-me uma série de questões pertinentes que podem ser comentadas...:
Afinal, quem é que é filho(a) da senhora mais famosa do mundo, hã?
Quem fode mais?
Serão realmente as pessoas referentes à terminologia "Prostituta(o)" mais putas que as outras?
Que fidelidade vem a ser esta, se nem aos nossos princípios somos leais?

Borboletas...

terça-feira, novembro 15, 2005 à(s) 01:04
Butterflies -song by Sia Furler-

We've been to the top, we've been to the bottom
We've known everything and forgotten, yeah
You've kicked me around, you've wrapped me in cotton
You've carried our load and you've shot them
Oh yes the butterflies are still there (...)
We've argued by the baggage claim
We've accepted and we've laid blame
We've drank Sangthip in monsoonal rain
We've felt separate and we've felt the same
Oh yes the butterflies are still there (...)
We've shared joy and we've shared pain
We've shared guilt and we've shared shame
We've bought into teh stupid games
We've freed each offer and we laid claim
Oh yes the butterflies are still there (...)
Because we came from the same cocoon


Ah, as borboletas... quem diria que dentro daqueles casulos pegajosos, de cor amarga e pouco interessantes de mimar, estariam estas "pétalas de flores" que chovem na Primavera?
Admiro estes dóceis seres pela sua beleza aliada a uma imensa extravagância singela e frágil. Parece que foram esculpidas ao pormenor por sábias mãos de algum mestre anónimo, pintadas a pastel cautelosamente, com minúsculos detalhes preciosos e tonalidades suaves e puras.
É fantástico ser surpreendida por uma borboleta colorida e livre a pousar silenciosamente de flor em flor, esvoaçando graciosamente como uma pena soprada pela força do vento, batendo as asas como se fosse uma estrela cadente, e flasheando alguns instantes da minha vida com estes mágicos pozinhos de perlimpimpim.
Ela chega, meiga e muda, agracia a natureza e voa...voa...voa...!
Eu sorrio enquanto a observo e perco-me no tempo...sei que um dia (também eu) serei uma cintilante borboleta!

Egocentrismo???

segunda-feira, novembro 14, 2005 à(s) 01:09
A solidão concede ao homem intelectualmente superior uma vantagem dupla: primeiro, a de estar só consigo mesmo; segundo, a de não estar com os outros. Esta última será altamente apreciada se pensarmos em quanta coerção, quantos estragos e até mesmo quanto perigo toda a convivência social traz consigo. «Todo o nosso mal provém de não podermos estar a sós», diz La Bruyère. A sociabilidade é uma das inclinações mais perigosas e perversas, pois põe-nos em contacto com seres cuja maioria é moralmente ruim e intelectualmente obtusa ou invertida. O insociável é alguém que não precisa deles.
Desse modo, ter em si mesmo o bastante para não precisar da sociedade já é uma grande felicidade, porque quase todo o sofrimento provém justamente da sociedade, e a tranquilidade espiritual, que, depois da saúde, constitui o elemento mais essencial da nossa felicidade, é ameaçada por ela e, portanto, não pode subsistir sem uma dose significativa de solidão.
Os filósofos cínicos renunciavam a toda a posse para usufruir da felicidade conferida pela tranquilidade intelectual. Quem renunciar à sociedade com a mesma intenção terá escolhido o mais sábio dos caminhos.
Arthur Schopenhauer, in 'Aforismos para a Sabedoria de Vida'
Hoje optei por publicar um texto de alguém que dedicou o seu tempo ao acto de pensar... Creio que não era necessário desperdiçar toda a vida a pensar, mas agradeço estas palavras!
Portanto, se leram este texto, concluem que alguém pensou por vocês e adiantou-vos algum trabalho. Não quero que deixemos de viver em sociedade, não. Simplesmente apelo ao pensamento: pensa antes de agir (se não queres englobar a sociedade a que Arthur Achopenhauer se refere)!

Invisibilidades

domingo, novembro 13, 2005 à(s) 01:00
Eu sei...já não é novidade! - Pensei...
E foi assim que estive durante todo aquele tempo eterno que não terminava, nem terminou sequer. Permaneci muda, calada, esquecida, minúscula, insignificante, fiel a mim mesma, como se de um ornamento invisível eu me tratasse. Fiz tudo o que devia ser feito, mais do que o que podia, menos do que se esperava...como sempre! Mas não abri a boca, limitava-me a dialogar comigo mesma num tom de voz silencioso que eu própria tinha dificuldade em balbuciar.
Quando dei por mim a pensar que certamente seria transparente, visto que a conversa continuava e eu era apenas um detalhe da decoração ou o vidro da janela que evoca a paisagem exterior. Era para aí que eu queria migrar, para o exterior, para o vazio, para o infinito, para o vácuo...
Lá, na clareira onde tenho vivido, só consigo ouvir o meu coração bater. Um som oco que se propaga pelas lágrimas agoniadas que se esvaem pelo meu rosto. Mas como sou transparente ninguém se apercebe...nem mesmo as árvores centenárias que ainda vão crescendo, ou os mochos que ocasionalmente animam as noites.
As trevas que me cercam é que me vão facilitando o caminho, por incrível que possa parecer, não são tão más como se pensa por aí. Tenho vivido acompanhada por uma imensa solidão que me faz feliz mesmo quando estou triste, porque ela nunca me abandona; ela é-me sempre fiel. Mesmo quando quero estar sozinha sei que ela está algures por ali e nunca me irrita. Respeita-me e percebe-me como ninguém, apesar de não me dirigir uma única palavra... tenho vindo a certificar-me que ela é muda!
- Ouviste o que eu te disse? Nem parece teu, devias ter vergonha de não fazeres o que te mando (...) teimosa e (...) com essa idade... Já olhaste bem p'ra ti? ... Não fazes nada que preste...
Não...
Não foi a solidão que falou; tenho a certeza, esta voz não poderia ser dela. Por vezes tenho estas perturbações: dá-me a sensação que alguém fala para mim. Mas como o tom de voz é sempre imperativo acabo por ignorá-lo, ainda não devo ter recuperado totalmente. Provavelmente são sequelas ou pequenos rasgos fantasmagóricos de uma vivência passada que por vezes me assombra o presente mas que opto por esquecer.
Vou voltar para o âmago despovoado onde sempre vivi...à luz da lua espelhada no rio, com sombras sinistras, sonoridades bizarras, onde ninguém fala, apenas sussura silenciosamente palavras débeis e insonoras, surdas e inócuas: unicamente eu.
É aí que vivo até hoje: somente eu e a minha solidão...invisíveis!

Hipocondria?

sábado, novembro 12, 2005 à(s) 02:14
E se ao acordares sentisses que algo estava errado, que vias tudo ondulado, que a cada passo dado a tua força se dissipava?
Se ao despertares de um sono notasses que não tinhas energia, que todo o teu corpo tremia, que tinhas taquicardia, que nada te controlava?
Foi assim que eu acordei: o que se passou não sei! Mas hoje não estive normal: o pulso acelerado, o olhar turvo e nublado, o equilíbrio desiquilibrado, a respiração arrítmica, a cor da face amortecida...que faço à minha vida?
O que se passa não sei, ainda não desmaiei, nem sequer me enervei! Fome não tive, nem tenho...apenas sede (mais que o habitual)!
Será ansiedade, stress, irritabilidade?
No fundo prefiro nem saber...de nada adiantará! As emoções estão sensíveis, sou capaz de rir e chorar em simultâneo, tenho arrepios de frio, vontade de dar um abraço, de largar tudo e partir para o espaço, de ver todos e não estar com ninguém!
O dia foi passando e eu sentia-me menos trémula, mais desiquilibrada e menos tonta, com o batimento cardíaco descontrolado e pálida como a cera branca.
Hoje senti-me telecomandada e com pouca bateria...acho que amanhã já nem me recordo de nada; que bom que seria!

Fatalidades...

sexta-feira, novembro 11, 2005 à(s) 01:11
Alinho numa aventura imprevisível mas inevitável, que não faço ideia de como irá terminar...muito menos quando - mas isso também não é o mais importante - a realidade é que não fui a única a alinhar (nem tive oportunidade de escolha): alinhei eu, tu e todos os seres à face da Terra!
Hoje, quando invocaste a fatalidade reconheci que também tu te tornaste numa parte fatal integrante (e relativamente essencial) desta minha irrevogável existência. O motivo é desconhecido - aparentemente; mas se ambos quisermos, atribuiremos a culpa ao destino que nos juntou nestas tertúlias a horas impróprias, nas quais divagamos "apaixonadamente" pelos temas mais imbecis, inusuais e impensáveis, aos quais ninguém confere qualquer prestígio.
Certo entre nós é que gostamos daquilo que ninguém vê...já reparaste? Aliás, todos conhecem de passagem tudo, mas a realidade é que eu e tu nos damos ao divertido trabalho de explorar e questionar as vertentes mais simples de serem analisadas e que ninguém entende que existem - fazemos o trabalho mais difícil com grande facilidade (apesar de a sociedade considerar o contrário), e provavelmente é isso que nos incita a sermos o que somos: dois loucos saudáveis que se divertem com coisas banais e singelas (é com isso que crescemos)!
E aquilo que ambos fazíamos, pensávamos, imaginávamos e/ou explorávamos (...) durante os momentos em que nos encontrávamos sós, desconhecendo ainda a existência um do outro, tornou-se agora algo que se partilha com a finalidade de confrontarmos os nossos pontos de vista.
Já notaste que conseguimos ir ao encontro um do outro, lemos o que cada um pensa como se cada cérebro fosse transparente, mas ninguém se apercebe disso? Temo-nos conseguido interpretar, descomplicando as complicações que complicamos sem querer... no fundo "há alguém que nos compreende" - pensamos silenciosamente!
Era evidente... Inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, acabaríamos por chegar a esta parva conclusão. Parva porque na realidade buscamos quem nos compreenda quando nós não nos compreendemos a nós mesmos - porque (resumidamente) somos: mutáveis, insatisfeitos, egocêntricos e acomodados também.
E a vida é definitivamente feita destas pequenas...fatalidades!!!

O nada que sei de ti...

quinta-feira, novembro 10, 2005 à(s) 01:17
O nada que sei de ti é suficientemente esclarecedor para eu perceber a importância que tens para o tudo que sei de mim e o nada que sei que sou.
O nada que és para alguém é o tudo o que és para mim, mesmo sabendo que o nada que sei de ti é o tudo que nada sei e o nada que quero ficar sem saber.
Deixando-me de trocadilhos entre o tudo e o nada, todos sabemos que tudo somos enquanto nada nos afecta nem nos impede de chegar a tudo o que consideramos importante.
E o nada que sou será tudo para ti?
Ou tudo o que sou significa um claro nada no teu ser?
Será que tudo o que para mim faz sentido, para ti nada faz?
Será que nada do que conheço é o tudo que te faz feliz?
Será que tudo o que pensemos em nada altera a tua visão das coisas?
Tudo o que agora somos antes de nada sabermos um do outro, certamente terá importância para que nada destrua tudo o que idealizámos, partilhámos, conversámos...
Mas tudo isto de nada vale... apenas sei que nada sou sem tudo o que és para mim!

Momentos

quarta-feira, novembro 09, 2005 à(s) 01:12
É incrível como é que tu me consegues dar a volta... Eu nunca pensei que serias capaz de me fazer sorrir desta forma, que mostrasses tanta ternura, alegria e meiguiçe, apesar de alguma distracção proveniente da tua hiperactividade. Mas eu sei que não é por mal, pelo contrário: faz parte da tua ingenuidade de criança!
És uma doçura e apesar de hoje te teres portado menos bem, soubeste admitir os teus pequenos erros e acima de tudo segurar-me nas tuas mãos e dizer: Desculpa... Não volta a repetir-se!
E com os teus olhinhos dóceis e um pouco matreiros, acariciaste-me a face, sorriste e deste-me um beijinho!
São estas pequenas coisas que me fazem acreditar que tu és realmente especial e que a tua diferença face aos outros não passa de um pequeno detalhe físico que com o tempo, será atenuado. O importante é o teu Ser e esse eu sei que é bom!
Um grande beijinho para ti também Patrícia, és uma pequerrucha querida!

Cromoterapia

terça-feira, novembro 08, 2005 à(s) 01:01
A inovação é tanta que actualmente já se criam tratamentos médicos através da acção das cores.
Nem me vou centrar nos efeitos, significâncias, indicações nem outros factores associados à cromoterapia como ciência médica, mas sim como ciência social!
As cores desde sempre interferiram no nosso humor, na nossa personalidade, no nosso estilo, na nossa visão das coisas, pessoas, lugares, do mundo, do universo...desde o nosso primeiro segundo de vida.
Quando acordamos somos invadidos por uma infinita gradação de cores que variam entre dois tons extremos: o claro e o escuro.
Mas a sociedade faz uma conotação das cores a determinados significados. Alguns até fazem sentido, como por exemplo a associação do branco à paz, à leveza, à pureza. Bem, certo é que a cor é tão silenciosa, singela, serena e básica que faz todo o sentido afirmarem que ela é pura e leve, bem como se adequa perfeitamente à paz que todos procuram mas que cada vez mais se torna inalcançável! É realmente complicado conseguir-se um branco que perdure...
Entretanto, recordo-me do amarelo que pessoalmente associo ao divertido, à força e ao cómico. Trata-se de uma cor potente, enérgica que propaga alegria onde quer que esteja. O sol torna-se um bom exemplo...e os smiles também!
Lembro-me do laranja que me transmite boas vibrações, lembra-me a aventura, insatisfação, determinação e concordo que possua uma certa extravagância devido à força característica deste tom. O vermelho também é uma cor forte que me agrada e que me remete para o desespero, força, raiva, erotismo, sangue, calor e paixão.
O azul, o lilás e o verde remetem-nos para a paleta das cores frias. Ok, vulgaridades que por aí circulam. E não discordo, admito que a paleta de cores foi relativamente bem analisada e as comparações fazem sentido. Serenidade, frieza, timidez, insegurança, esperança, calma, incerteza, imensidão e até uma certa ingenuidade e ignorância... alguns adjectivos que associo a estas tonalidades de acomodação.
No entanto o castanho é por mim compatível com a objectividade, a firmeza e a verdade.
Todavia, chegámos à fase da discordância: Por alma de que santinho é que se diz que o rosa é a cor do amor? Quem se lembrou disto devia ser daltónico!!!
Já para não dissertar sobre a teoria de conotação do rosa para as meninas e o azul para os meninos...e eu que sempre adorei o vermelho, seria considerada anormal?
O encarnado até é aceitável, porém não concebo essa teoria. Na minha humilde opinião não faz sentido esta conotação social do cor-de-rosa ao amor porque, se o este é um sentimento que nos faz experimentar uma infinidade de emoções e sensações que oscilam entre o bom e o mau, a cor que a sociedade devia adoptar era o preto.
Sim...o preto, aquele tom escuro que nos remete para o vazio cheio de falta de luz!
O preto é a cor que nasce da associação de todas as outras cores existentes à face da Terra. Se têm dúvidas misturem o vermelho (paixão, desejo, ódio, sangue), com o verde (esperança, passividade), o azul (frieza, insegurança, tristeza, ciúme), lilás (incerteza, sonho...), o branco (calma, paz, pureza), o amarelo (diversão, alegria), o laranja (extravagância, aventura), o castanho (verdade), o cinzento (preguiça, ingenuidade) e vejam lá se não obtêm o preto?
O amor faz-nos sentir todas estas sensações que descrevi e muitas outras mais que, a D. Sociedade, faz questão de associar a algo... e que assim continue!
A nossa vida é mesmo assim, uma paleta de cores que utilizamos para pintar os nossos dias, de acordo com o que sentimos.
E se, quando o ponto final se instaurasse no nosso percurso por este mundo, pudéssemos expor os quadros que colorimos? Certamente teríamos uma bela exposição para contemplar!
Há pessoas que dedicam toda a sua vida às tonalidades frias, outras às quentes, algumas às mórbidas, outras às extravagantes, e malta que opta por tons leves. Porém, eu desde sempre apreciei o arco-íris e faço questão de manter esta minha paleta cheia de tintas para poder pintar a infinita diversidade e inconstância de sensações que a vida me proporciona.

Olhares

segunda-feira, novembro 07, 2005 à(s) 13:07
Vivemos tão apressados que muitas vezes nem damos valor a determinadas coisas com que nos cruzamos frequentemente: nem as vemos! No entanto, vamos olhando para tudo o que nos rodeia e aquilo a que hoje atribuímos importância, amanhã poderá não ter qualquer significado.
Ao longo da minha vida já olhei para muita coisa, já personalizei uma infinidade de olhares e expressões, e distribuí inúmeros sorrisos pelas pessoas com quem me cruzei. Todavia, também já vi a vida com lágrimas, surpresa, encantamento, agonia, desespero, agressividade, doçura, empatia, intimidade e uma imensidão de emoções e sensações que nem sempre é fácil descrever.
Lembro-me, porém, de uma pessoa que se cruzou comigo, um tipo que nunca esqueci e que desconheço completamente (exceptuando as suas feições). Foi há uns 5 ou 6 anos, quando estava em Lisboa na zona do Rossio.
Dirigia-me para o Metro de olhar cravado na calçada quando, inesperadamente, embateste no meu ombro e numa fracção de segundos pregaste os teus olhos castanhos aos meus, voltaste as costas à direccção em que seguias e caminhaste para o teu destino a olhar para mim...como se nos meus olhos visses o chão que pisavas.
Não quiseste saber se ias na direcção certa, se esbarravas contra alguém. Paraste e ali ficaste prisioneiro do meu olhar com os meus olhos atados aos teus. Nesses três segundos vi uma retrospectiva de toda a minha vida, devorei-te de alto a baixo e imaginei como serias. Roubei-te um beijo dos lábios sem que os meus olhos largassem os teus. E tu, olhaste-me com tanta intensidade, desejo e sofreguidão que parecias desnudar-me e ver com profundidade o que havia de mais secreto em mim. Senti-me devorada, completamente!
Lembro-me deste instante como se fosse hoje... certo é que com a multidão que circulava pela rua, à medida que me agarraram a mão e disseram "Anda!", eu não deixei de te olhar, assim como tu não me deixaste só! Fomo-nos distanciando com um sorriso estranho e dócil, caminhando hesitantes; só eu e tu sabemos as palavras que trocámos nesse breve momento.
Não sei quem és, donde és, o que fazes, em que língua te expressas, não sei absolutamente nada sobre ti nem me interessa saber. Apenas sei que nunca ninguém me olhou do mesmo modo que tu e por isso nunca te esqueci!

As palavras que nunca te direi

domingo, novembro 06, 2005 à(s) 21:55
A propósito deste filme (e livro), lembrei-me de escutar uma música que já não ouvia há imenso tempo mas que considero adorável pela doçura com que é cantada... chama-se Carolina (da Sheryl Crow).

Carolina
Her tears are falling like the spanish moss
Disappearing
Into beauty found in beauty lost
So it goes
The summer blooms and fades away
Like moonlight falling on a bed
And there can be no solice in remembering
The words we never said
Faded postcards
Of all the places she loves best
Take her far away
As she presses wrinkles from her cotton dress
So it goes
The summer blooms and fades away
Like moonlight falling on a bed
And there can be no solice in remembering
The words we never said
So it goes
The summer blooms and fades away
Like moonlight crashing to the earth
And there can be no solice in remembering
The way things never were

Tele-vi-Não

quinta-feira, novembro 03, 2005 à(s) 01:46
Pois, para quem não compreendeu este trocadalho do carilho eu explico: o tema baseia-se na televisão, que actualmente não se recomenda. (Excepto para quem pretenda estar informado e opte por visualizar canais temáticos).
No entanto, vou-me remeter para uma das finalidades da TV que é o entretenimento (ou deveria ser) centrando-me nos 4canais principais da caixinha mágica.
Primeiro, desconheço ser humano que se divirta a ver anúncios publicitários repetidamente inúmeras vezes por dia (exceptuando crianças com menos de 3 anos que se fascinam com qualquer coisinha que mexa, dê luz e produza som!).
Não há paciência para sermos assassinados com anúncios e spots com qualidades tão enaltecíveis como é o caso da faltinha de criatividade na sua concepção, "é Xaaaaaauuuuuu, fantááááástico" ou a adorável tia Blanka Oxy Congestation; anúncios de Bollicaos, Bimbocaos, Danocaos e todas essas coisas que deixam a nossa paciência num caos; publicidades a arrozes chiques cigala com o apoio das tias chiques da socielite já extinta; anúncios de cremes reparadores-daquilo-que-nasceu-reparado-ou-que-não-tem-cura-possível; spots de Vasenoles, Niveas, Palmolives e essas coisas realmente limpam a pele e a deixam macia e sedosa associados a SpecialK, Fitness e cereais que só fazem bem; os famosos anúncios de novelas, filmes, debates ou jogos entre outras programações da estação...
Desta breve enumeração, há que salientar a existência daqueles anúncios bem pagos que no espaço de 5minutos se repetem 5vezes e nem assim fixamos o seu conteúdo!
Agora que caminhamos para o Natal, lembrem-se que seremos invadidos com as intermináveis apresentações da Barbie, do ActionMan, do Lego, da Cindy, do Snoopy, dos Rangers, Strangers, Ninjas e dessa palhaçada toda que diverte a criançada (e que há um tempo atrás, também nós desejámos receber).
Além disso, mas não menos importantes, conheceremos as novidades em Telemóveis para a mãe, Automóveis para o pai, Computadores pra prima catita, iPod's p'ó tio Engenheiro, Óculos para o vôvô, Moda no ElCorteInglês para a vóvó e os importantes Créditos Bancários que facilitarão as "compras endividadas" de todos estes bens de décima primeira necessidade!
As estações de televisão necessitam da PUB para se sustentarem mas não se justifica que tenhamos de levar com anúncios sem qualidade, piada, sentido de humor e atractividade. Obviamente vou destacar os poucos anúncios que actualmente merecem a nossa atenção por serem originais, criativos, com discrição q.b. e cuja mensagem passa com poucas palavras: SapoADSL, BMW, Adidas, Nike, Coca-Cola, Herbal Essences (oh sim!) e a campanha de sensibilização para a "reci...ci...ceriquelagem! Oh, enganei-me!" - realizada por inúmeras crianças...'tás a ver qual é? (se te lembrares de mais algum adiciona-o num comentário).
A pedido de várias famílias (dos homens mais precisamente) adiciono o trailer do Crime do Padre Amaro, na Sic!
Além disso, temos oportunidade de visualizar constantemente aqueles rodapés com prémios monetários fantásticos que se conseguem com uma série de SMS a 0.60€...baratíssimos! Bem como os anúncios de toques, imagens, wallpapers, anedotas e outras insanidades indispensáveis para telemóveis...basta ligar o 1234!
Voltado-me para a programação propriamente dita que gera a Guerra de Audiências, sugiro às estações que se rendam: ainda está para nascer a arma definitivamente tão potente como o primeiro BigBrother, capaz de colocar mais de 75% dos espectadores portugueses colados ao ecrã com a novidade televisiva.
As novelas, por muito diferentes que sejam as personagens, cenários, roupas, adereços (...) têm sempre a mesma história: A menina rica apaixonou-se pelo rapaz pobre (ou vice-versa) havendo uma terceira pessoa a tentar estragar a história de amor. Novelas, são histórias de amor com vilões, assassinos, raptos, polícias umas tramas vulgares tão batidas como as claras em castelo.
Os filmes...há de tudo como na farmácia, para todos os gostos. Até nos podemos dar ao luxo de o revermos na Tv 15 dias depois, e passados 3 meses, 1 ano, no canal que o transmitiu pela primeira vez e nos da concorrência.
Programas de entretenimento: ora, aqui é só escolher porque disto não falta e, ironia seja reiterada, cada um melhor que outro. Apesar de eu não me encontrar praticamente nada actualizada vou referir aqueles que ouço falar ou que vi ocasionalmente começando pelo Sic 10h e Praça da Alegria, divagando pela 1ª Companhia, o Esquadrão Gay, Malucos do Riso, Às 2 por 3...e aqueles das elites portuguesas que passam nos fins-de-semana...Levanta-te e Ri ou Herman Sic são programas que realmente entretêm mas a linguagem implícita deixa muito a desejar...(educa-se muito bem a sociedade!!!).
O que interessa na nossa televisão é ver a "Dois" ou a "RTP 1" que, apesar de não serem os canais favoritos (o que se compreende facilmente, já que temos uma população cada vez menos culta ou empenhada em se informar e crescer interiormente). Actualmente merecem audiência o Prós-e-Contras, Contra-Informação (RTP 1), Entre Nós (na 2) e as crianças que deixem de consumir morangos para verem o Quiosque (na2) ou os desenhos animados que lá passam, porque esses são didácticos. Que saudades da Rua Sésamo...
Como se depreende, são inúmeros os programas realmente interessantes a rodar na programação nacional. Apenas destaco um detalhezinho que provoca esta programação tão "salutar" que temos vindo a consumir: as estações apenas transmitem "aquilo de que o povinho gosta" - são o reflexo da nossa sociedade.
Os interessados na informação e no entretenimento a sério (mesmo que transmitidos em canais temáticos) que sintonizem na cabo a Sic Notícias, RTP N, os canais Lusomundo, CNN, BBC, AXN, National Geographic, Discovery, MTV, e outros canais temáticos que certamente (infelizmente) têm conteúdos mais enriquecedores, mas pagos.

Sounds of Nature

quarta-feira, novembro 02, 2005 à(s) 02:02
Fascinantes!
É com este adjectivo que caracterizo os sons da Natureza, aquela Mãe Natureza que partilha connosco tudo o que tem...é um amor incondicional.
Acordarmos com o som da chuva e termos vontade de permanecer na cama, intemporais, acompanhados por uma banda sonora tão simples e que nos faz sentir tão bem. Ou então, o despertar com o pio dos pássaros que são livres e cantam em qualquer lugar, até no parapeito da nossa janela ou na nossa palma da mão, melodias vadias sem pautas a indicar as notas...
E o Vento, essa força muitas vezes assutadora, também nos proporciona sensações fantásticas com um cantarolar agudo (quase mudo), como se soprasse ao ouvido de todos nós e simultaneamente transmitisse coisas tão distintas a cada Ser que o ouve.
O estalar da madeira das árvores, som seco, fraccionado, afinado por uma escala que ninguém domina e aparentemente pouco musical, quando escutado algures num pântano, nos permite constatar que definitivamente não somos nada.
As quedas de água, o cantar dos rios, o som oco das areias no deserto, os ecos que as grutas nos fazem encontrar com sonoridades misteriosas, o cair das folhas das árvores, as pedras a rebolar sons anónimos pelas calçadas, as brisas de fim de tarde que assobiam baixinho enquanto o mar beija a areia, os grilos e cigarras que animam as noites com o uivar do lobo e as tertúlias de morcegos, corujas, gatos, cães vadios, mochos, cucos...
Até nos incêndios, furações, maremotos, tempestades, tremores de terra, vulcões e outros abalos, a Natureza consegue cantar (apesar de serem músicas desesperadas que provocam espectáculos grandiosos e que - compreensivelmente - não queremos que se repitam).
Olha para os campos desertos, para os pólos, para os matos, para os lagos, para as cascatas, clareiras, florestas, e todos esses lugares ainda não esquartejados pela mão humana e tenta imaginar-te num desses biomas, calado. Haverá sempre uma conversa da Mãe Natureza mas nem sempre a queres ouvir...mas ela está aí e nunca se cala, não descansa, não dorme. Só fala, grita, canta, gesticula, dança, segreda; inventa todas as formas possíveis de falar contigo e tu nem sempre a escutas!!! Já pensaste nisso?
Não conseguimos ter força, domínio, imponência, poder, altivez, simplicidade nem o valor das coisas banais da vida que não têm de se esforçar minimamente para agradar ninguém. Agradam simplesmente pelo "todo" que são e o "nada" que significam para os pobres-de-espírito!

Realidade

terça-feira, novembro 01, 2005 à(s) 01:05
Os portugueses poupam cada vez menos e estão cada vez mais endividados. No Dia Mundial da Poupança sabe-se que a taxa de poupança está ao nível mais baixo dos últimos sete anos e que o endividamento das famílias está num máximo histórico, atingindo já 118% do rendimento disponível das famílias.
É cada vez mais difícil às famílias portuguesas conseguirem amealhar um pé-de-meia, por mais pequeno que ele seja. Nos últimos sete anos, a taxa de poupança caiu a pique.
O Banco de Portugal estima que em 2006, em cada 100 euros, as famílias só consigam poupar pouco mais de 9 euros - um nível que não se via desde 1999. A explicação é simples: com as baixas taxas de juro e o crédito bancário mais atractivo e barato, os portugueses aproveitaram para consumir, aliás, tem sido precisamente o consumo privado que tem estado a puxar pela economia.
Mas, este aumento do consumo foi financiado com o crédito e, por isso, o nível de endividamento das famílias é o mais alto de sempre e está já próximo dos 100 mil milhões de euros, o que representa 118% do rendimento disponível das famílias.
De acordo com o Banco de Portugal, 80% das dívidas dizem respeito a créditos à habitação, a pagar em décadas e com prazos cada vez mais alargados; 9% são relativos a crédito ao consumo e 11% a outros fins. Os portugueses não poupam e estão a gastar mais do que ganham.
Preocupante é que nem a reintrodução de benefícios fiscais à poupança, como os PPR, será suficiente para inverter este estado das coisas. O que quer dizer que os próximos tempos terão de ser de aperto de cinto, porque as taxas de juro podem começar a subir brevemente.
É de salientar que há créditos solicitados com finalidades surpreendentes: viagens a destinos cujo preço é exorbitante (muitas vezes fora do tempo de férias), automóveis topo de gama, investimentos em HomeCinema, portáteis, moto4, telemóveis da última geração, roupas de marca, etc. Há quem continue a viver no mundo da lua, fantasiando uma realidade de fachada que um dia se dissipará!
E os reformados ou as famílias que sobrevivem com salários mínimos e têm de sustentar filhos, escola, despesas, seguros, medicamentos, prestações de casa, água, luz, gás...?
Estamos a construir um país dos sem-abrigo e arrumadores de bicicletas, (já que por este andar não haverá dinheiro para combustível)...
E os portugueses com idades compreendidas entre os 25 e 35 anos são os que mais se iludem nestes facilitismos! É lamentável!!!

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