By Alice Vieira @ JN

quarta-feira, dezembro 19, 2007 à(s) 12:54
Violência nas escolas




Alice Vieira, Escritora

Li num jornal que a senhora ministra da Educação está contente. E, quando os nossos governantes estão contentes, é como se um sol raiasse nas nossas vidas.

E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas, afinal, não existe.

Ao que parece, andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as EB, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora. Tenho muita pena de que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se fazem anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que, assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal.

Mas bastaria a senhora ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam. É claro que não falo daquela violência bruta e directa, estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver.

Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa.

Uma violência mais "normal".

E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência.

Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados…) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita ("bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si…", isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde…)

Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que "os professores não ensinam nada".

Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves, qualquer dia - querem lá ver? - até fumam…

Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos.

Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc.). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como "obrigada", "desculpe", "se faz favor" são-lhes mais estranhas do que um discurso em Chinês - e há quem chame a isto liberdade.

Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos "científicos", mas aquela da qual um dia, de repente, rompe a violência a sério.

E então em estilo filme americano.

Com tiros, naifadas e o mais que houver.

Alice Vieira escreve no JN, quinzenalmente, aos domingos.

Radiohead - creep

terça-feira, agosto 28, 2007 à(s) 13:42
No final de uma noite muito bem passada, ouve-se:

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry
You float like a feather
In a beautiful world
I wish I was special
You're so fucking special
But I 'm a creep
I 'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

I don't care if it hurts
I want to have control
I want a perfect body
I want a perfect soul
I want you to notice
When I'm not around
You're so fucking special
I wish I was special

But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here

She's running out again
She's running out
She run, run, run run
Run

Whatever makes you happy
Whatever you want
You're so fucking special
I wish I was special
But I'm a creep
I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong here...

A Saudade

segunda-feira, agosto 20, 2007 à(s) 12:47


«As coisas vulgares que há na vida não deixam saudade
Só as lembranças que doem ou fazem sorrir
Há gente que fica na história da história da gente
E outras de quem nem o nome lembramos ouvir
São emoções que dão vida
A saudade que traz
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente
E aquele em que tu me deixaste não posso esquecer»

Mariza

Ilumina-me

sábado, junho 23, 2007 à(s) 13:42
Cada vez mais próximo das nossas mãos, "luz" - o novo álbum de Pedro Abrunhosa!

Gosto de ti como quem gosta do sábado,

Gosto de ti como quem abraça o fogo,
Gosto de ti como quem vence o espaço,
Como quem abre o regaço,
Como quem salta o vazio,
Um barco aporta no rio,
Um homem morre no esforço,
Sete colinas no dorso
E uma cidade p’ra mim.

Gosto de ti como quem mata o degredo,
Gosto de ti como quem finta o futuro,
Gosto de ti como quem diz não ter medo,
Como quem mente em segredo,
Como quem baila na estrada,
Vestido feito de nada,
As mãos fartas do corpo,
Um beijo louco no porto
E uma cidade p’ra ti.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Gosto de ti como uma estrela no dia,
Gosto de ti quando uma nuvem começa,
Gosto de ti quando o teu corpo pedia,
Quando nas mãos me ardia,
Como silêncio na guerra,
Beijos de luz e de terra,
E num passado imperfeito,
Um fogo farto no peito
E um mundo longe de nós.

Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.
Enquanto não há amanhã,
Ilumina-me, Ilumina-me.

Pedro Abrunhosa, Album "Luz".

Verdade

quinta-feira, março 08, 2007 à(s) 22:11
Maravilhoso, coração, maravilhoso...

O nosso coração, que nos comanda, gosta muito de ser verdadeiro e nos pedir sempre a verdade. Independentemente desta nos torturar, fazer rir, chorar ou sonhar, magoar, envergonhar, confortar, deprimir, animar, entristecer ou...muitas outras coisas que certamente estás a imaginar neste momento.
O importante é que gostamos de encarar a verdade, mesmo que na realidade nos estejamos a enganar a nós próprios; porque cada um de nós, vê a verdade de um prisma só.
E a verdade podem ser muitas coisas, ser ambígua, ou até nem existir...
De que nos vale a verdade, afinal?!
Até que ponto é que devemos ser inteiramente verdadeiros? Não é assim que conseguimos o que queremos...aliás, ninguém neste mundo, absolutamente ninguém, passa a sua vida inteira sem dizer no mínimo uma mentira. Por muito inocente que esta seja!
E depois, a verdade nunca nos levou a lado nenhum...francamente!!!
O que se quer hoje em dia, é atingir as metas mais elevadas, com facilidade e sem qualquer tipo de rigor, transparência, modéstia, humildade e sinceridade. Escrevo "o que se quer" porque mesmo que no fundo não queiramos, a vida a isso obriga, e queremos mesmo sem querer!
Por outro lado, sejamos verdadeiros...até a nós próprios mentimos para não assumirmos o que pensamos, o que sentimos, o que queremos, o que detestamos, porque temos medo. (Aquele sentimentozeco que anda de mãos dadas com uma série de adjectivos qualificativos dos sentimentos que o ser humano tem...que até dói!)
Talvez seja o medo que nos impede de concebermos a verdade como ela é;
talvez seja somente a falta de vontade, a inércia, o orgulho, o preconceito...;
talvez seja "eu"...
Talvez seja a própria; a verdade. E afinal, para que é que ela serve?!

Coisas...

terça-feira, março 06, 2007 à(s) 21:49
"Às vezes dou por mim a pensar que gostava de ser mais transparente... ou, pelo menos, que me soubessem 'ler' nas entrelinhas.
Isto de ser, aos olhos dos outros, a gaja que está sempre bem disposta, é lixado.

Ou talvez não, sei lá!"

Não sei quem escreveu isto, mas concordo plenamente pk já muitas pessoas me consideraram a "gaja que está sempre bem disposta"!
Mas já aprendi a ser transparente...um pouco mais, quero dizer! =)

Eu Sei...

segunda-feira, fevereiro 26, 2007 à(s) 00:53
Papas da Língua
Composição: Serginho Moah e Fernando Pezão


Eu sei, tudo pode acontecer
Eu sei, nosso amor não vai morrer
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
Não sei, porque você disse adeus
Guardei, o beijo que você me deu
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
You say good-bye, and I say hello
You say good-bye, and I say hello
Ohohoh
Yeah yeah yeah yeah
Não sei, porque você disse adeus
Guardei, o beijo que você me deu
Vou pedir, aos céus, você aqui comigo
Vou jogar, no mar, flores pra te encontrar
you say good bye and I say hello
you say good bye and I say hello
ohohoh
Yeah yeah yeah yeah

Bonita música, hein?!

Sábias Palavras....

sábado, janeiro 20, 2007 à(s) 20:25
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...".

Fernando Pessoa

Como devem os profes lutar contra o novo estatuto da carreira docente?

terça-feira, janeiro 02, 2007 à(s) 18:51

UMA EXCELENTE FORMA PARA LUTAR CONTRA O ESTATUTO DA CARREIRA DOCENTE!

2 - O ECD e os Generais
A plataforma negocial de 14 sindicatos não chegou a acordo com a ministra sobre o novo Estatuto da Carreira Docente.
E muito bem. O que se pretende é aniquilar completamente o que resta da dignidade de ensinar.
Já nem falo do dinheiro que se perde.
A dignidade de 400 mil professores é que não se admite que uma qualquer ministra, que não o será mais do que 4 anos, destrua.
Agora: há variadíssimas formas de luta.
Desde já proponho uma monumental greve de "zelo", cumprindo apenas os serviços mínimos na sala de aula.
Se os pais não se importam com a vida escolar dos seus alunos talvez seja a única forma de o começarem a fazer.
Dá-se a matéria mínima, ao ritmo mínimo, tiram-se as dúvidas a quem estudou, não se repetem exposições.
Ou seja: temos que fazer com os alunos aquilo que a ministra quer fazer connosco, a ver se os pais entendem a nossa luta e se gostam que o mesmo aconteça aos seus filhos.

Estabeleceremos cotas em cada turma:
Em 20 alunos, só daremos 10% de nota máxima, tal como a ministra faz connosco.
Portanto, se houver mais do que 2 alunos que mereçam 5, paciência!
Ficam com 5 os dois melhores.
Mas se um deles faltou mais de 3 dias por doença, terá que ter paciência.
Fica com 4 e sobe o seguinte a aluno-titular.
Os outros cotam-se, proporcionalmente, por aí abaixo.
10% de nível 5 e 20% de nível 4.
O resto vai corrido a 3.
Se uma turma for muito boa e tiver 10 alunos que merecessem 4 e 5, outra vez paciência.
«Nem todos podem chegar a generais», não é?
Dois ficam com 5, quatro com 4 e os restantes terão 3.
Mesmo que, também esses merecessem 5.
Faltaram?
Quem os mandou adoecer a eles ou aos pais?
Quem mandou o carro avariar e chegar tarde uma vez?
Quem mandou o irmão mais novo apanhar sarampo?
É cotas, é cotas!
Não são os Pais que aprenderam com a ministra que «nem todos podem chegar a general»?
Pois então? Os seus filhos também não!


Publicado por JOÃO Tilly

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