Se tu viesses ver-me (análise recreativa)

segunda-feira, outubro 31, 2005 à(s) 01:01
Técnica: Estrangeirismos

If you viesses ver-me aujourd'hui à tardinha,
A quella hora dos maghi cansaços,
When la noche de manso se avizinha,
Und me prendesses all in teus bracci...
Quando me rappelez-vous: esse flavor que tinha
A tua bocca... o eco dos teus passi...
O teu sonrisa de fonte... os teus abrazos...
Os teus küsse... a tua hand na miniera...
If you viesses when, pretty et geisteskrank,
Traça the linee dulcíssimas dum kiss
Und ist de Seide rosso et canta et smile
Und ist como uno cravo ao soleil a minha mouth...
Wenn os eyes se me cerram de deseo...
And les meine bracci se estendem für dich...

Flowershcön Sculaccioni
Nota: o poema original foi editado a 14 de Outubro!

Mel

sábado, outubro 29, 2005 à(s) 23:02
do Lat. mele
s. m., substância doce que as abelhas formam do suco das flores e que depositam nos alvéolos dos seus favos;
fig., doçura; suavidade.

Todos nós gostamos de mel, resta definir o sentido! Temos quatro hipóteses matematicamente falando: Ou não gostamos mesmo (e retiro a expressão "Todos nós gostamos"); ou gostamos de mel (o doce produzido pelas abelhas); ou então preferimos apenas a doçura e suavidade que lhe está inerente (abordando um sentido figurado da palavra); ou ainda apreciamos as duas coisas: o sentido figurado e a substância comestível!
Eu cá, se bem me recordo, gostei sempre desta última opção, mas com cautela. O mel é, na minha opinião, enjoativo. Lembro-me de tomar ocasionalmente umas colherzitas quando andava rouca ou adoentada (afinal não estou assim tão amnésica), mas também me recordo das minhas expressões faciais que actualmente ainda se repetem: Argh...é muito doce! (dizia eu franzido a testa e as sobrancelhas)!
O que eu detesto mesmo é a Dona Abelha e o seu Ferrão insuportável. Estes seres às riscas amarelas, têm a mania de me confundir com as flores...(olha que desagradável que é ser comparada a uma flor!!!) O pior era mesmo sentir as picadelas das idiotas, ainda por cima tinham a brilhante ideia de me beijarem na testa, no nariz, no queixo...ORDINÁRIAS! Arruinavam temporariamente com a minha imagem social...lá andava eu com a carinha inchada, cheia de dores e com uma vontade descomunal de maltratar as Bzzzz Bzzzz tirando-lhes as asas e deixando-as ali entregues a si mesmas a penar!
Ok, ok...pode parecer maldade, mas eu nunca as incomodei! Já para não falar das néscias abelhas do meu vizinho que no Verão se divertem a tatuar as roupas que secam ao sol, impingindo-lhes as suas marquinhas amareladas e imortais. É só prejuízo!!
Mas eu disse que gostava de mel - e gosto! (Das abelhas é que nem por isso...só ao longe!)
Aprecio especialmente as frases banais que por aí circulam, nomeadamente durante a Primavera e o Verão: "Ólh'ó mel...", "Viste o melanço que ia para ali?", "'Bora melar um 'cadinho!(yupiii)", "Parecue que tens mel, és pegajoso...", "Meu docinho de mel (wow)", "Vou bazar do cinema. Está tudo no marMELanço!(he he)".
Enfim, um sem-número-de-expressões-melosas que por vezes nos causam uma espécie de congestão, especialmente quando somos obrigados a mantermo-nos na fila da tesouraria das finanças, à espera de sermos atendidos para comprar o selo automóvel, enquanto apreciamos os apalpanços e beijinhos repenicados com aquele com estridente "Xuaaaak" que custa a descolar!
Ou então, na caixa do hipermercado somos premiados com um casalinho de 13 anos que se encontra à nossa frente a trocar cuspe enquanto não se registam os preservativos! Perdão: trocar "mel" é o termo mais indicado e adocicado para o tema que aprofundo!
Resumidamente: eu gosto de mel mas com moderação. Mesmo no sentido carinhoso da palavra há que ter cuidado com os excessos porque noto que os dentistas e estomatologistas não têm preçários muito acessíveis hoje em dia. Depois as cáries aparecem!!! E os chupões também!
O mel é assim, uma palavra que condiciona o cérebro da humanidade a acções diversificadas produzidas com a boca. Ouso até enumerar os malabarismos que por aí se fazem: ou se beija, ou se come, ora se mastiga, ora se lambuza, até se chupa, morde ou devora. Certo é que, no que concerne aos melanços entre duas pessoas que se melam, a intensidade multiplica-se e o mel é consumido com mais dedicação e apreciação. Vá-se lá saber por quê! =)

Epicondilite

sexta-feira, outubro 28, 2005 à(s) 01:07
Amigos! O tema de hoje é (cof-cof): E-PI-CON-DI-LI-TE!
(Palmas!!!) \o/ \o/ \o/ \o/ \o/
Optei por fazer a divisão silábica do termo visto que não o considero de uso comum no vosso quotidiano. No entanto, aposto que é mais conhecido do que imaginam.
Todo o ser humano que habita o planeta Terra conhece-o - uns melhor que outros, concordo! - mas não é desconhecido de ninguém. Além disso, todos lidam com esta patologia quase diariamente (no trabalho, com os amigos, na rua e até com familiares), o que não significa que sofram desta / com esta / por causa desta doença.
Trata-se de uma enfermidade que tem cura (yupiii), baseada num tratamento fatal,que depende do bom senso e da força de vontade de cada um em aceitá-la!
A Epicondilite (substantivo feminino) é vulgarmente designada por "dor-de-cotovelo" e é caracterizada por sentimentos que passo a citar: inveja, ciúme, cobiça, misto de pena e raiva, sentimento de desgosto pela prosperidade ou alegria de outrem, desejo de possuir aquilo que os outros possuem, etc!
Esta, manifesta-se de diversas formas e todos nós já a sentimos (escusam de negar): desde o carro bombástico do vizinho, a roupa do primo Joca, o telemóvel da prof. de Biologia, os óculos do Veterinário do Kico, a casa da ruiva com altas curvas e air-bags (a Leila) que tem 5 andares, 7 empregados, jardim imenso, piscina coberta, court de ténis, jacuzzi, bilhar, matrecos, plasmas, sistema de segurança do último grito, salões com máquinas de jogos, net, dvd's que entopem as fechaduras, peredes revestidas com pozinhos-de-perlimpimpim, roupas de marca, aquecimento central, elevador, máquina de cortar relva, garagem para 10 viaturas, destacando-se (claro está), o Jaguar, o BMW, a carrinha Mercedes, o Porsche, o Jeep, a Harley, a moto-de-água e o carro-de-mão!
No entanto, também já nos sentimos vítimas de Epicondilite porque fomos à Missa com roupa XPTO, almoçámos no 5* cá da zona com frequência, temos um currículo invejável, usámos as Inoxcrom como quem compra Bic's (muito boas esferográficas, por sinal), vamos ao cinema, teatro, desfile, debate ou jardim, temos emprego e mascamos Tridente White menta quando nos apetece e temos um amigo que trabalha no-lugar-in-cá-do-sítio que por sinal é nosso namorado e possui grandes abdominais e um corpo de Adónis.
Mais incrível e grave do que esses paranóicos epicondílicos que andam à solta famélicos por encontrarem um indivíduo feliz e lhe dispararem raios de cólera, ciúme e inveja, são aquelas pessoas santificadas (abençoadas sejam elas de tão angelicais que são) que invejam, vejam lá, a nossa personalidade, aquilo que somos e não aquilo que possuímos.
Realmente, é bem mais considerável o Ser que o Ter.
Agora que todos perceberam se são epicondílicos, anti-epicondílicos, epicondilóides, semi-epicondílicos, pseudo-epicondílicos ou Santos-sem-defeitos-com-tudo-o-que-há-de-bom-na-vida, dar-vos-ei a conhecer o receituário a administrar aos portadores desta doença que não deve ser comparada às viroses mas sim inata ao ser humano, já que todo ele certo dia pensou "Ele tem(ou é)...eu não tenho(ou sou)...quem me dera de ter/ser como ele!".
Mandem essa malta crescer (e desaparecer). Traduzindo para português contemporâneo, (nada de pensarem em "mandar fo-car" as atenções noutra pessoa...seria injusto) ignorem e sejam felizes, já que os pseudo-semi-santos-maníaco-epicondílicos não o são. E continuem a aprofundar os vossos conhecimentos com o Relações Públicas do Bar do Figo, com a Juíza tal-tal-tal, o Professor "Xis", a vizinha Quica, o Dr. Cura-tudo, sem esquecerem de usufruir daquilo que necessitam, dá gozo ou simplesmente vos torna felizes.
Foi para isso que nascemos: para aprendermos a SER felizes! E esta aprendizagem constrói-se!
Vá...agora agradeçam-me por ter partilhado convosco uma palavra nova! Não fui epicondílica!!!! =) Ufa

Vasculha-me

quinta-feira, outubro 27, 2005 à(s) 15:37
Dentro de mim há muitos caminhos a percorrer e imensas formas de me conhecer. Há a possibilidade de encontrares diversos "eus", inúmeros heterónimos associados a outros pseudónimos meus (alguns deles impessoais...mas que me pertencem). E tudo isto, numa só pessoa, num só corpo! Não é fabuloso???
Como constatas agora, é fácil conheceres-me. Em dois minutos de conversação apercebes-te da minha transparência com facilidade visto que eu expresso tudo o que sinto sem me contradizer com afirmações idênticas, mas sim opostas e nada rigorosas. Eu apenas digo o que penso com palavras antónimas. Ou então, porque nem todos os dias são iguais, refiro sentimentos que não correspondem à minha aparência mas que realmente sinto sem contrariedades.
Sou simples, excêntrica, espontânea e não gosto de confusões: aprecio letras, números, figuras, fórmulas, carros, objectos, vestuário, luzes e padrões. Também gosto dos cheiros, aromas, sabores e contrastes! Gosto de clips, anémonas, vocábulos, cordões, sinos, alfaces e auscultadores. Agrada-me a chuva, a areia, as flores, os animais e os cogumelos venenosos... Dá-me gozo a aventura, a solidão, o riso, a ira, as lágrimas, as cócegas e os beliscões. Adoro despentear as pessoas, pregar partidas, riscar o mundo, rasgar, provocar, rebentar, destruir, pular, questionar, saltar, voar, sentar, dançar...
Simpatizo com uma infinidade de coisas que tu conseguirás descobrir à medida que me vais conhecendo! Só não gosto daquilo que não me agrada, como é óbvio!
Apesar de estar neste estado de amnésia, constato que me sinto normal...esta descrição assim o comprova.
Mas há coisas que ainda não me recordo. Os fragmentos que aqui encontras são as poucas coisas de que me vou lembrando, ou que eventualmente fizeram (ou fazem) algum sentido na minha vida, ou numa das minhas personagens. É tudo uma questão de me vasculhares...no meu cérebro há gravações, tenho marcas no coração e no sangue há músicas que me agradam. Encontras nos meus pulmões destacadas recordações que de certo modo me marcaram. Tudo está saliente em mim, sou fácil de pesquisar, inquirir, descobrir, ouvir, conversar...enfim!
Vasculha-me...

Pausa Imaginativa

à(s) 01:22
Poema Original:
Amar
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida!
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz foi para cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... para me encontrar...

Florbela Espanca - Charneca em Flor (1930)
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Técnica de transformação: Antónimos

Amar? qual quê!... oooodiaaar

Eu quero odiar, odiar perdidamente!
Odiar só por odiar: Aqui... Além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Odiar! Odiar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Desamar? Bem querer É mal? É bem?
Quem disser que se pode abominar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!
Há um Inverno em cada vida!
É preciso gritá-lo assim despido,
Pois se Deus nos deu fúria foi para gritar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja minha vida amaldiçoada,
No inferno saiba arder... p’ra m’ achar...
I'mNesic (num dia onde a "fúria" esteve presente...)

Orgasmo

quarta-feira, outubro 26, 2005 à(s) 01:10
Hey, tu?! Hoje vou falar de ti, do desavergonhado que és…vejo-te como um prostituto, intrometido e convencido que levas sempre a melhor. Não há queca em que tu não sejas um propósito…de uma maneira ou de outra, todos te procuram, todos te conhecem e jamais te esquecem.
Já não te procuram pelo amor, é pelo prazer (és indolor), não tens contra-indicações, só efeitos secundários. És aquele que todos almejam (uns atingem-te, outros fingem-te); provéns daquela ilusão que incita à estimulação dos corpos, nomeadamente através do tacto.
Nos instintos adjacentes deslizam com suavidade os apetites dos intervenientes, com vontade de te alcançar. Movimentam-se com desejo, embriagados talvez por um beijo, numa ascensão de fantasias (sejam loucas ou sadias, ousadas ou sagradas – que provocam arrepios e transpirações transcendentais, caprichos descomunais, perversos e sensuais), em ardentes escaladas apoderadas pelo anseio de uma fogosa volúpia dominada por um veneno especial.
Ora, neste ritmo desenfreado o jogo erótico permanece acentuado pelo gozo de se sorver cada milímetro libidinoso! Abraçam-se os corpos, enroscam-se os cabelos, rasgam-se as roupas, arranham-se mutuamente, misturam-se as línguas, cruzam-se as mãos, soltam-se gemidos, arfam desejos vãos… a degustar com prazer a sensualidade e a paixão que lhes esfarrapa a comunicação entre o físico e o sobrenatural. Certo é que a sofreguidão vai progredindo com sussurros e devaneios, por entre toques e desatinos, flashs instantâneos e suores alheios a tudo o que não mais faz sentido. Intensifica-se a concentração (orgasmiza-se o teu coração e a tua atenção às minhas descrições banais); por entre a excitação dos calores corporais, sentem-se palpitações, experimentam-se contracções, e outras sensações colossais!
(Se não te controlas, não leias mais!)
Aproximam-se ápices de prazer – oh não, não pode ser! – é um delírio constante que os torna cúmplices nas sensações. Ai!...é vê-los latejar, seus corpos a arquear num frenesi arrebatador. Ondulam num auge de luxúria,(tu que lês estás na penúria) degustam uma febre comum, os suores compulsivos só provam que a excitação está no clímax apetecido. É tempo da tua intervenção: nela multiplicas-te, mas nele não…anorgasmizam-se-lhe os pensamentos, dissipam-se estes momentos que tanta sede lhe deram.
Os corações estão a mil - ela louca, ele senil – finalmente o apogeu. Chegaram às nuvens e estão no céu, ela feliz, ele ateu, incrédulo pois não te sentiu! O sonho ao se esvair permite-lhes sucumbir à combustão dos desejos. Ainda se trocam uns mimos, osculam com paixão e perdem a energia – ela na fase da exaustão, ele na dor e melancolia.
Descansem à vontade, amantes da liberdade, do prazer, da diversão…

Por cá resta um aparte: não sei se deva congratular-te ou reprovar a tua atitude. Agradeço-te por me leres, certamente é um dos teus prazeres, bem como o do voyeurismo! Mas…não espreites por esta janela, sonha com a loucura que está além dela…
E tu meu caro orgasmo: mostrei-te que apesar de seres de todos, terás sempre o teu secretismo!

É impossível ficares indiferente!

terça-feira, outubro 25, 2005 à(s) 14:15
Obrigatório visitar!

Ridículo

segunda-feira, outubro 24, 2005 à(s) 20:06
É ridículo como me sinto. Se ontem nada fazia sentido, hoje encontrei uma forma diferente de analisar as coisas e (tal como antes fazia), ver o lado positivo das mesmas.
É ridículo mas encontrei. Eu vi-o e gostei, obviamente...
É ridículo como funciona o ser humano. Ora triste, ora alegre. Ora infeliz, ora apaixonado. Ora vê, ora é cego. Ora gosta, ora não gosta.
É ridícula a importância efémera que atribuímos às coisas, às pessoas, aos sentimentos, aos lugares, às impressões que vamos construíndo.
É ridícula a nossa instabilidade, apesar de ser óptimo que não estejamos satisfeitos e procuremos incessantemente encontrar o equilíbrio que queremos desiquilibrar.
É ridícula a minha vontade de procurar a estabilidade quando a minha intenção é destabilizá-la.
É ridículo, tudo à nossa volta é ridículo, até este termo cantarolado e musical R-I-D-Í-C-U-L-O. É um vocábulo bonito, maroto, cómico e animado, mas simultâneamente estúpido...ridículo!
É ridículo mas é assim que gostamos de tudo. Assim faz sentido a nossa vinda a este mundo...é ridículo mas é verdade.
Estranhos caprichos os nossos...ridículos!

Não me chateies porque eu morri!

sábado, outubro 22, 2005 à(s) 23:27
Para ti, que se continuares a ler, sabes quem és!
Hoje chorei como já não chorava há imenso tempo. Desci à terra...finalmente!
A verdade é que depois de falarmos, tive mesmo de me refugiar no meu quarto e chorar, chorar, chorar...tinha-te dito a verdade que estava a negar a mim mesma.
Não sei o que é que se passa comigo, ando estranha, não sou a mesma que era há dois meses atrás. Desde que mandei "o outro" passear que já não ando bem...e não tem nada a ver com ele.
A vida é que não corre como eu pensava que ia correr, sai tudo completamente ao contrário do previsto. Sempre odiei planos, evito fazê-los. Opto por sonhar baixinho e com os pés assentes na terra para não ter grandes quedas. Adiantou muito...caí e não vejo forma de me levantar.
E as ambições que tinha, porque agora sinto-as perdidas, não eram muitas, era uma somente. Além disso, apesar de não me arrepender, sinto que dediquei a minha vida apenas a um plano...o profissional (porque tinha mesmo de ser); e agora fizeste-me voltar a acreditar nas pessoas. Não em todas, é certo, mas é importante acreditar.
Os amigos próximos que tenho e que se contam numa mão, não são maus mas...nem para eles tenho vontade de olhar. Às pessoas que me vão ligando e convidando para sair, ir aqui ou acolá, só me apetece dizer o que respondia quando tinha 4/5 anos: "Não me chateies porque eu morri!"
Elas não merecem ouvir isto, eu sei. Mas não me apetece, que posso fazer? Estou bloqueada e não sei o que me prende. Não tenho vontade de sair de casa, de ir para noite, para o dia, para lado nenhum, de ver ninguém. Noto aliás, que tenho sido chata e até desagradável com quem anda por perto. Apenas peço para não me incomodarem, não ando nos meus dias...creio que tenho esse direito.
Tenho gostado de falar contigo, divertes-me, pensas comigo, falas a minha língua, és diferente, experiente e interessante. Por isso te agradeço a enorme pachorra para me aturares porque, pensando bem, devo ter sido imensamente enfadonha contigo, sei lá. Desculpa, sinceramente, peço-te do fundo do coração que desculpes alguma coisa menos boa que eventualmente tenha dito.
Queria tentar conseguir sair deste círculo vicioso e mudar de ares, pessoas, cheiros, vidas, experiências...queria viver, tal como te disse, sem estar presa como sempre estive. Era bom que parassem de olhar para mim e deixassem de me ver como a "menina".
Apetecia-me fazer o que me dá na real gana, ser livre como se não houvesse amanhã. Não me prender nem dar satisfações a ninguém. O que sinto hoje, amanhã não faz sentido (tem sido assim...). Talvez seja por isso que te compreendo! Sei lá... Certo é que só me arrependo daquilo que não fiz e apesar de tudo, orgulho-me de ser como era antes de me ver assim.
Estou ansiosa por encontrar o meu sorriso, visto que o perdi mas não sei onde. Tenho saudades de ser sorridente, determinada, impulsiva, extrovertida, sonhadora, persistente e aventureira, mas sempre com aquela pontinha de inocência que me caracteriza (ou não). Gosto de me sentir "criança" para não ter preocupações. Considero que a vida não tem piada quando é levada demasiadamente a sério...
Obrigada por conversares comigo!*

Observo-te

à(s) 10:59
Ao anoitecer, ia eu a correr até ao fundo da rua, como se fugisse de alguém... Não sabia o que procurava, nem o que pretendia sequer!
Foi ali que te encontrei. Estavas diferente: mais sério, mais irritado e mais formal que o habitual. Lembrei-me que era o dia de aniversário daquele teu colega irritante que te provoca incessantemente. Ias festejar porque eras "obrigado" para ficares bem visto pela empresa, enfim!
Deixei-me ficar suspensa com o pé esquerdo no chão enquanto descortinava a melhor forma de assentar o pé direito, escondendo-me em simultâneo atrás do painel de publicidade que ali se encontrava. Vi-te e revi-te de muitas formas e maneiras, mas nunca esperava ver-te assim com cara de frete.
Apeteceu-me gritar..."Não te mistures, não vás contrariado." mas contive-me. Era de ti que dependia a decisão, somente de ti. Quem sou eu para interferir nas tuas atitudes se nem a minha opinião interessa? O certo é que acabaste por felicitar o teu "amigo" e entraram juntos no carro com o resto da malta.
O carro arrancou. Conformada, recomecei a minha caminhada até casa. Às vezes é necessário cedermos para evitarmos problemas, mas ao ponto de ir festejar um aniversário de alguém que tem menos afinidades connosco do que o próprio lixo da rua...como tu és benevolente!
A propósito. O fato ficava-te bem, estavas lindo; exceptuando a expressão sombria impressa na tua face. Gosto de ti "ao natural", descontraído...como só tu sabes ser.
Admiro especialmente a tua força e o teu carácter. Conseguiste mostrar que tens personalidade ao cumprimentares toda a malta, a desculpa foi muito boa. Não se pode faltar ao lançamento do livro do avô! Até eu acreditava se não te conhecesse...
Lá foste tu vagueando pela avenida, satisfeito contigo mesmo. Foste capaz...sempre acreditei que acabarias por ser!

Esta noite dancei contigo à chuva!

sexta-feira, outubro 21, 2005 à(s) 23:04
Por incrível que pareça, foi verdade! E tu, tão sóbrio que és, alinhaste nos meus disparates e deixaste-te levar pelos meus impulsos ingénuos e pueris.
Eu sei que não sou normal (apesar de muitas vezes me considerar comum), mas tu também não permites que eu o seja. Estava feliz por me teres levado a passear, mostraste-me as ruas e praças históricas que mencionaste vezes sem conta, desde que falámos de ti.
Ao entrar no teu prédio, puxei-te pela mão até ao elevador e subimos. Roubei-te as chaves e abri a porta do teu apartamento. Só deu tempo de atirar para lá os nossos pertences e bater a porta, deixando tudo para trás como se só houvesse um futuro incógnito. Efectivamente, tive razão em agir assim...o futuro é incógnito. Era, para ti!
Não resisti a descer as escadas sem te largar e ignorar as tuas perguntas.
- Como é que tinhas a minha chave?
Nem te respondi...tinha chegado ao destino, contigo!
Roubei-te o olhar por instantes e concentrei-te em mim. Apenas te pedi para me seguires.
- Não sei por quê mas vou ter de confiar em ti - disseste descrente.
Deixei-te a olhar para mim e à medida que me afastava dos teus olhos sentia a felicidade pingar em mim. O frio da chuva aquecia-me o coração e os teus olhos incrédulos incitavam-me a continuar. Não querias acreditar que me conhecias mas eu estava a provar-te que era realmente aquilo que sempre fui: imprevisível.
A praça estava deserta e sombria...eram 03h37 da madrugada e tínhamos todo o tempo do mundo pela frente e o som da chuva como companhia. Decidi tornar-me feliz ao som da chuva caminhando até ao fundo da rua, tendo a praça como cenário. Lá tudo era diferente: as luzes das ruas, dos bares, carros e estabelecimentos, eram associadas às estrelas da noite que cintilavam com a precipitação cada vez mais densa.
Tu não resististe e provaste a mesma tentação que eu. Seguiste-me, ainda que duvidoso da tua atitude! No meio da praça estava eu a chapinhar nas poças de água. Molhada, sorridente, feliz. Encharcada como o imenso mar que nos circundava.
- Estás louca, vais apanhar um resfriado. Sai daí sua doida...és mesmo...
- Agarra-me se puderes ó betinho! Não sabes apreciar as coisas belas da vida? És um fraco.
Nunca deixei de te contemplar enquanto me tornava parte integrante da chuva. Os teus olhos cintilavam de entusiasmo e o teu coração transbordava curiosidade. Senti isso quando me abraçaste e tentaste proteger com o teu casaco.
Continuei a dar-te luta, bem que tentavas abrigar-te debaixo de uma varanda qualquer mas fugi-te. E dançava à medida que corria pela praça, feliz. Mas tu, desmancha prazeres, agarraste a minha mão e puxaste-me instintivamente para ti. Senti o teu peito molhado contra o meu, os meus olhos cruzaram-se com os teus e questionaram-lhes silenciosamente: Porquê? Porque não me deixas ser feliz?
Deixei de ouvir a chuva...só escutava o bater dos nossos corações e a tua respiração cadenciada.
Foi o nosso primeiro beijo - imprevisto, surpreendente, intenso, estranho, molhado...
Finalmente te deixaste levar pela loucura de te sentires vivo. Ali ficaste comigo, à chuva, provando o seu sabor nos meus lábios... Eu dei-te a conhecer a felicidade através das coisas simples da vida. Não querias sair dali...

Esta noite sonhei que dancei contigo à chuva!

Dorme enquanto eu velo...

quarta-feira, outubro 19, 2005 à(s) 08:18
Dorme enquanto eu velo...
Deixa-me sonhar...
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.
A tua carne calma

É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.
Dorme, dorme, dorme, V

aga em teu sorrir...
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

Fernando Pessoa

Who are you - part III

terça-feira, outubro 18, 2005 à(s) 00:59
Vou-te esquecer, voltar-te as costas e implorar secretamente que desapareças... definitivamente!Não sei porque apareceste....porque nos conhecemos, porque sentimos a mesma cumplicidade e empatia quando começámos a trocar as nossas primeiras palavras.Esta noite voltaste-me as costas quando te revelei os meus sentimentos. Preferiste acreditar que eu não fui ao teu encontro, que era bom demais se isso fosse verdade. Menosprezaste-me! Sinto-me constrangido e reduzido a tudo aquilo que é o "nada".Afinal, dou por mim a satisfazer os teus desejos...ser nada para ti.Também tu entraste no meu coração com esse teu estilo inocente, sorrindo como se fosses uma criança, olhando-me nos olhos ingenuamente como se eu fosse transparente. Sentia-me assim para ti: transparente. Como um imbecil enleado pelo brilho do teu cabelo que me ondulava em pensamentos secretos sobre ti.Não te quero...longe de mim! Somente desejo que um dia me sinta realmente livre, porque não admito que uma desconhecida como tu me assalte para lugar nenhum, deixando-me livre somente para respirar o mesmo ar que tu respiras. Deixa-me só...preferia morrer assim, como me sinto agora: Teu! Só teu, porque foi bom saber que não te fui indiferente assim como tu foste a minha alma enquanto não me encontrei.Vou-me embora, sozinho...esquecido de ti mas contigo na memória do coração e da vida.Importas-te de ficar calada? Por favor... Não quero ouvir-te dizer que desejas fazer o mesmo.Não voltes a cara para o vazio desse horizonte! Olha nos meus olhos e diz que me odeias, porque é isso que quero ouvir-te soletrar. Pára de fingir que não me vês, pára de ignorar aquele a quem, também tu, dedicas as noites e os dias...Esquece-me, mata-me, guarda-me no coração ou atira-me para o nosso lugar oculto. Aquele... onde nos encontrámos, cruzámos, pensámos, olhámos e desejámos ser real mas não passou de algo fantasiado!

Who are you - part II

segunda-feira, outubro 17, 2005 à(s) 00:28
Hoje acordei a sorrir porque não sonhei contigo...simplesmente não dormi.
Virei-me e revirei-me por entre os lençóis macios e tu não me saías das riscas que os ornamentam. Sentia-te olhar para mim e fechava os olhos para me certificar que eras uma alucinação! Mas tu continuavas lá...e continuaste por toda a noite fora.
Entraste no meu olhar e fizeste-me acreditar que sabias quem eu era e que ao longo dos últimos tempos, também eu era especial para ti.
Voltei-te as costas e insinuaste que eu não queria admitir a verdade...
És cómico. Adoro o teu sentido de humor quando tentas ser irónico comigo, quando não passas de uma estúpida aparição provocada pela minha fértil imaginação.
Esculpi a minha cara na almofada e optei por visualizar flores escuras molhadas pela chuva...foi o ideal pois só assim percebeste que também tu eras o melhor sentimento que encontrara sem querer mas que te denegrias com o passar do tempo dentro de mim.
Porquê? Porque simplesmente prefiro encarar-te como um caminho para a escuridão do que propriamente uma eventual solução para este quebra-cabeças que impingiste no meu coração.
Estás cinzelado na minha memória ( sei lá onde estás mais...), conseguiste entrar...
Já sinto a aurora chegar... é hora de tentar uma vez mais adormecer sem te sentir enroscado aos meus pensamentos.
Desaparece...canta-me uma canção de embalar ao ouvido!

Who are you?

domingo, outubro 16, 2005 à(s) 01:23
Adorava que as paredes que agora me cercam murmurassem o teu nome e me fizessem enxergar quem és tu para mim. Seria bom poder olhar para o meu recanto mais íntimo e conseguir ler tudo aquilo que é cada vez mais indecifrável e complexo no bater do meu coração, mas previsível.Estava eu sossegada quando, vá-se lá saber o motivo, fui dar contigo a não-sei-onde e nunca mais te esqueci. Como era de prever (mas eu não previ), fiquei com uma dor crónica implantada no meu íntimo, que violou as leis mais sagradas de mim mesma...estou a ser assaltada por um sentimento que quero negar e a quem desejo fechar a porta à chave e atirar com ela para o fundo de um poço longínquo.Apetecia-me ir ter contigo e dar-te uma bofetada, um beijo, um abraço, um puxão de orelhas... afagar-te o cabelo e sussurrar-te ao ouvido que "gostava de te sentir longe de mim" (sabendo que estaria a mentir). Queria poder olhar-te nos olhos e conseguir dizer que não tens qualquer analogia comigo, que somos diferentes e que não percebo o que queres de mim!Quero poder dizer-te que és feio, parvo, estúpido, inculto, meigo, dócil, irresistível e deliciosamente inteligente, espontâneo e carinhoso e insignificante. Aliás, desejava dizer-te com todas as letras que seria bom que desaparecesses sem deixar rasto, que podias esfumar-te num vazio qualquer e que te apagaria das minhas memórias como se jamais tivesses adquirido alguma importância para mim...que me és indiferente...que me deixas confusa, indecisa, assustada, entusiasmada, fascinada, enraivecida, com esta cólera estúpida de simplesmente ter falado contigo.Quem és afinal...? O que queres de mim? Porque me fazes sorrir enquanto durmo?Não ouses tentar ler os meus pensamentos!!! Odeio simpatizar contigo...

Se tu viesses ver-me...

sexta-feira, outubro 14, 2005 à(s) 22:11
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

I'mNesic

quarta-feira, outubro 12, 2005 à(s) 21:22
Eu ia escrever qualquer coisa, interessante penso! Era sobre mim, sobre o presente, sobre ti mas...esqueci-me!

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