Realidade

terça-feira, novembro 01, 2005 à(s) 01:05
Os portugueses poupam cada vez menos e estão cada vez mais endividados. No Dia Mundial da Poupança sabe-se que a taxa de poupança está ao nível mais baixo dos últimos sete anos e que o endividamento das famílias está num máximo histórico, atingindo já 118% do rendimento disponível das famílias.
É cada vez mais difícil às famílias portuguesas conseguirem amealhar um pé-de-meia, por mais pequeno que ele seja. Nos últimos sete anos, a taxa de poupança caiu a pique.
O Banco de Portugal estima que em 2006, em cada 100 euros, as famílias só consigam poupar pouco mais de 9 euros - um nível que não se via desde 1999. A explicação é simples: com as baixas taxas de juro e o crédito bancário mais atractivo e barato, os portugueses aproveitaram para consumir, aliás, tem sido precisamente o consumo privado que tem estado a puxar pela economia.
Mas, este aumento do consumo foi financiado com o crédito e, por isso, o nível de endividamento das famílias é o mais alto de sempre e está já próximo dos 100 mil milhões de euros, o que representa 118% do rendimento disponível das famílias.
De acordo com o Banco de Portugal, 80% das dívidas dizem respeito a créditos à habitação, a pagar em décadas e com prazos cada vez mais alargados; 9% são relativos a crédito ao consumo e 11% a outros fins. Os portugueses não poupam e estão a gastar mais do que ganham.
Preocupante é que nem a reintrodução de benefícios fiscais à poupança, como os PPR, será suficiente para inverter este estado das coisas. O que quer dizer que os próximos tempos terão de ser de aperto de cinto, porque as taxas de juro podem começar a subir brevemente.
É de salientar que há créditos solicitados com finalidades surpreendentes: viagens a destinos cujo preço é exorbitante (muitas vezes fora do tempo de férias), automóveis topo de gama, investimentos em HomeCinema, portáteis, moto4, telemóveis da última geração, roupas de marca, etc. Há quem continue a viver no mundo da lua, fantasiando uma realidade de fachada que um dia se dissipará!
E os reformados ou as famílias que sobrevivem com salários mínimos e têm de sustentar filhos, escola, despesas, seguros, medicamentos, prestações de casa, água, luz, gás...?
Estamos a construir um país dos sem-abrigo e arrumadores de bicicletas, (já que por este andar não haverá dinheiro para combustível)...
E os portugueses com idades compreendidas entre os 25 e 35 anos são os que mais se iludem nestes facilitismos! É lamentável!!!

4 comentários

  1. Anónimo Says:

    E ainda há aqueles que têm o pensamento que há que aproveitar enquanto estão vivos abrindo as suas carteiras pra tudo...

  2. ccc Says:

    Vasculha-me
    Que post aliciante :)

  3. Morfeu Says:

    Somos assim, os Portugueses...o que posso dizer, tens infelizmente razão. Mas, no fundo só temos o que merecemos e as consequências dos nossos actos.
    Um beijo

  4. Anónimo Says:

    Sinceramente já deixei de acreditar que este país tenha um futuro. Dado o estado actual das coisas (e quando digo coisas, estou a ser propositadamente generalista e indefinido, uma vez que considero que practicamente tudo esteja mal), prevejo o pior. Quem anda à procura de casa (como eu), é alegremente presenteado com os frutos da especulação imobiliária de outrora. Convenhamos: ninguém tem dinheiro para comprar uma casa. Um mero T2 anda algures entre os 20 e os 40 mil contos, conforme a zona em que se situa (falo, claro, de Lisboa e arredores). Claro que se arranja mais barato, se tiver áreas exíguas e uma construção que date de há 20 e tal anos atrás. E, no entanto, perante esta aparente impossibilidade, constroem-se ferovorsamente casas e prédios em todos os recantos. Cascais começa a parecer um jardim de andaimes, populado pela bicharada dos camiões das obras e de transporte de operários. Os preços praticados são surreais, e ainda assim as casas vendem-se. E ainda há quem sacrifique as suas refeições e as dos seus filhos apenas para manter o BMW à porta, para que o vizinho se detenha perante a sua imponência monetária. Sim, esse texto frisa bem uma realidade dura de engolir: vivemos de aparências. Uns mais, outros menos, mas ainda nos importamos (na generalidade, pois a excepção confirma a regra) demasiado com a opinião alheia. Somos uma manada, e não uma sociedade.

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