Abraça-me

quarta-feira, novembro 23, 2005 à(s) 22:47
Hoje, uma vez mais, não almocei, não jantei...
Não porque tivesse fome a mais e estivesse sem tempo.
Simplesmente tiraste-me o apetite, de tudo.
Tenho-me alimentado com os beijinhos que estas crianças ainda muito recentes no meu caminho me dão, com as flores que me oferecem, com os sorrisos que transbordam, com a felicidade que emanam, com os defeitos que têm, com as traquinices que cometem e com a ternura que lhes é inerente...são unicamente eles que me fazem feliz, durante o dia.
É essa felicidade que tento esticar durante a noite, para não ter fome. E se às vezes sinto que devia comer algo, acabo por receber umas palavras confortáveis daqueles que não se esqueceram de mim e para quem a minha companhia foi suficiente.
(Só um aparte: adorei a sms que as crianças da outra escola me têm enviado...uma vez mais fiquei sem palavras para com eles! Surpreendem-me...)
Mas tu, como sempre, uma vez mais não abres uma excepção à tua regra e me abordas como se eu fosse uma pessoa. Eu não preciso de ter sentimentos, pelo contrário...
O que te interessa é que eu tenha atitudes que te agradem, que eu seja a tua máquina, enquanto tu personificas a inércia.
É completamente impensável eu poder, no mínimo, partilhar contigo o meu dia dizendo somente "Correu bem!". Isso não te interessa, e realmente é bom que não te interesse...até isso seria pretexto para usares como chantagem, para não variar. Se estou feliz, incomodas-te.
Eu far-te-ei os favorzinhos todos como tenho feito, não desesperes. Poderás continuar a viver no maravilhoso mundo da fantasia como tens vivido.
Mas lembra-te: um dia, eu não estarei aqui! E até o som deste "incómodo" teclado (só tu é que o achas incómodo...) vais deixar de ouvir, nem verás os meus livros, esquecerás o aroma do meu perfume que tanto gostas (ou finges gostar)...nem o meu olhar te vai fazer companhia, a posição que dou aos objectos que te rodeiam, os sabores que cozinho, as roupas que trato, as parvoíces que digo, a minha teimosia para contigo. Até disso sentirás falta, dos meus defeitos.
No fundo, nem quero que esse dia chegue, não te quero ver sofrer...mas, tu não queres que eu sinta nada.
Eu não sinto, nem te incomodo sequer. Apenas peço silenciosamente ao meu íntimo que me mate a fome com um forte abraço.
Nada mais...!

Somente um abraço...é tudo o que peço!

4 comentários

  1. Anónimo Says:

    LInnnnDO.. Esta mina escreve Lindamente, Muito BOM... Transpiras Feeling e isso e muito Bom e Raro! Parabens, Adorei.
    Sweet Kisses

  2. Anónimo Says:

    Bem, se esse texto é auto-biográfico, até fico triste ao ler essa dor. Mas infelizmente é algo que vejo acontecer bastamte e, curiosamente, às pessoas mais dedicadas e afáveis que conheço. As que investem mais numa relação costumam receber em troca esse afastamento, essa indiferença. Talvez porque o outro se habitue a ter tudo de bandeja e "perceba" que não tem que fazer nada para usufruir da atenção da sua companhia. E odeio ver pessoas que me são queridas, pessoas inteligentes e carinhosas, a serem tratadas dessa forma sem que nada façam para corrigir a situação, ou acabar com ela. A entrega é tanta que não conseguem parar, nem mesmo para cessar o sofrimento e a frustração.

  3. Mi Says:

    :)

  4. Morfeu Says:

    Incomodar? Na minha opinião não pode existir essa palavra no Amor...Não podemos ser apenas algo mais na vida de alguem, temos que ser tudo e nada mais.
    Um beijo

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